Hábito de pecar - O segredo para se libertar dele de vez

A história se repete: criamos o hábito de repetir sempre o mesmo pecado. Isso acontece quando deixamos de acreditar que abandonar ele nos fará mais felizes do que pecar. Muitos outros fatores podem nos influenciar, mas a raiz do hábito de pecar é uma luta, não por autocontrole, mas por felicidade. O que acreditamos e queremos, lá no fundo dos nossos corações, sempre importa, como mostraremos a seguir.

Entendendo o que nos faz pecar

Quando meus dois filhos mais velhos eram adolescentes, eram como a maioria nessa idade (incluindo meus três adolescentes restantes), saqueavam a dispensa e a geladeira até esvaziarem os doces e outras guloseimas baseadas em açúcar. Caso eles não encontrassem o que queriam, corriam para a lanchonete ou conveniência mais próxima. Minha esposa e eu sempre incentivamos eles a ter uma dieta mais balanceada, citando as evidências científicas dos efeitos negativos desses alimentos no corpo e mente, mas sem um mínimo de sucesso.

Então, por volta dos 17 anos, de repente eles começaram a comer alimentos saudáveis e  nutritivos e fugir de porcarias. Mais ainda, começaram a destacar seus pais e a exortar o resto da família a respeito da importância de se alimentar bem. Agora nos seus vinte e poucos anos, comem muito mais saudável do que eu mesmo na idade deles.

Sabemos as escolhas certas, mas por que fazemos o contrário?

O que aconteceu com eles? Não foi porque eram desinformados e agora sabem das coisas. Sempre souberam, desde crianças, que comer porcarias era "ruim" e comer mais vegetais, por exemplo, era bom. O que eles não tinham, era a crença de que comer vegetais os fariam mais felizes a longo prazo do que comer porcarias agora. Então experimentaram um "despertar" sobre como os alimentos nutritivos trazem uma alegria maior a longo prazo, em vários níveis, ao invés de carboidratos vazios. Foi quando começaram a mudar o que comiam.

Esse despertar deles fornece uma ilustração útil do porque nós vivemos sempre derrotados diante de um hábito de pecar: continuaremos escolhendo pecar, enquanto nós acreditarmos que escolhendo não pecar, teremos menos felicidade.

O hábito de pecar é complexo?

Eu sou experiente no hábito de pecar (como você também é), então eu sei que posso soar reducionista. Mas primeiro, devemos ter em mente que existem muitos fatores que contribuem para continuarmos cedendo ao pecado, mesmo que não seja nossa intensão. Uma delas é termos em mente que o pecado é complexo, mas isso não é verdade. Isso acontece porque o pecado costuma criar ilusões complexas e pode criar infinitas distrações. Mas na sua essência, o pecado é simples.

O apóstolo João diz em quatro palavras: “Toda iniquidade é pecado” (1 João 5:17). Sim, mas não são nossas motivações e influências para fazer algo errado, uma grande confusão? Bem, o apóstolo Tiago também diz: “Cada um, porém, é tentado pelo próprio desejo, sendo por este arrastado e seduzido. Então o desejo, tendo engravidado, dá origem ao pecado ”(Tiago 1: 14-15). Não há complicações.

Podemos pensar que isso se deve à ignorância de Tiago quanto a fatores psicológicos, sociológicos, biológicos ou de origem familiar que influenciam o pecado, mas estamos equivocados. Ele poderia estar sem os dados científicos disponíveis em nossos dias, mas ele conhecia os seres humanos. Sua epístola é cheia de discernimentos certeiros sobre como funciona nosso interior. Na verdade, acho que ele viu mais em nós do que a maioria dos ocidentais do século XXI. Tiago, com certeza, viu o pecado em sua essência.

A essência do pecado habitual

Todo pecado, não importa qual — seja demonstrado no comportamento ou escondido em algum lugar escuro do nosso coração (Mateus 5:28) — é uma manifestação de algo que acreditamos. Todo pecado nasce da crença de que desobedecendo Deus (errar) produzirá um resultado mais feliz do que obedecer Deus (fazendo o certo). Se estamos consciente disso ou não, é a simples verdade.

Pecado habitual cegando uma pessoa
O pecado é um grande engano feito para distorcer a nossa percepção das coisas.

Todo pecado, mesmo aquele que já virou hábito, é uma versão repetida do pecado original humano, quando nossos pais ancestrais comeram do fruto proibido da árvore. Por que fizeram isso? Eles não sabiam de nada? Não. Deus falou pra eles que comer o fruto seria errado e eles seriam mais felizes caso não comessem (Gênesis 2:16–17). Mas Satanás distorceu as palavras e motivos de Deus dizendo o contrário, que seriam muito mais felizes se comessem.

Eles pesaram ambas as afirmações e fizeram sua escolha. Viram que a árvore era "Boa pra comer" (o desejo da carne), "um deleite para aos olhos" (o desejo dos olhos), e "o fariam mais sábios" (soberba da vida). Comeram pela alegria que, claro de forma errada, acreditavam ter sido colocada diante deles.

Nós escolhemos pecar como resultado do que acreditamos

Não era errado para Adão e Eva serem motivados pela felicidade, assim como não era errado para Jesus ser motivado pela felicidade (Hebreus 12: 2). Percebe que ambos buscavam a felicidade? Esse é o motivo que escolhemos para fazer ou não fazer qualquer coisa. Inclusive pecar ou não pecar em nosso dia a dia.

Se tivermos escolha, escolheremos o que acreditamos que nos fará mais felizes do que somos, ou menos infelizes do que somos - mesmo que o conhecimento apite em nossa cabeça, nos falando que a escolha é "errada". Como Blaise Pascal disse: "O coração tem razões que a própria razão desconhece". E Pascal sabia o que impulsionava as razões do coração: "Todos homens procuram a felicidade. Sem exceções". Deus nos fez assim.

O erro de Adão e Eva foi onde tentaram procurar felicidade e depositaram sua fé. Eles acreditaram que a promessa de Satanás era superior a promessa de Deus de felicidade. Pois "...tudo o que não provém da fé é pecado" (Romanos 14:23). E "Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam" (Hebreus 11:6).

Conhecendo mais o hábito de pecar

Quando nós somos pegos em pecado habitual ou persistente, nosso problema, em sua essência, pode ser simples. O que nos mantém cativos é uma enganosa crença sobre o que nos fará feliz.

Eu conheço as objeções que podem vir. Muitas vezes sabemos que um pecado é destrutivo para nós e para os outros. Em razão disso, nós poderíamos estar detestando o pecado de muitas maneiras e sentirmos vergonha disso. Inclusive podemos ter um desejo sincero de ser livres, e apenas não conseguirmos nos libertar, como se tivéssemos escravos do pecado - o que, de certa forma, somos mesmo (João 8:34). Estas são as consequências e ilusões complexas que o pecado produz.

Homem preso pelo pecado habitual
O pecado produz uma ilusão difícil de se libertar.

Essa é verdade, somos escravos. Acreditamos que desistir do pecado é abraçar a vida com menos felicidade e mais miséria. Como meus filhos acreditaram: comer besteiras pode ser "ruim" para eles, mas a vida era mais feliz comendo elas do que comendo comida saudável. Isso não mudou até a que a crença deles sobre felicidade mudou. Uma vez que isso mudou, o influência das comidas ruins começou a perder o controle sobre neles.

O pecado habitual não é derrotado através do poder da autonegação, mas através da força de um desejo maior. Claro que autonegação é necessária, mas ela só será possível - pelo menos a longo prazo - quando é alimentada pelo desejo de uma alegria maior do que a que estamos deixando pra trás (Mateus 16:24–26).

Como se libertar do hábito de pecar

O segredo para libertar-se da prisão do hábito de pecar começa com um exame rigoroso, sincero e honesto das promessas satânicas que acreditamos - e das promessas melhores que Deus tem feito. Quais promessas produzirão a mais longa e melhor felicidade se for verdade? E qual fonte de promessas tem a credibilidade mais comprovada?

Então devemos renunciar às mentiras que temos acreditado, arrepender-nos a Deus por ter sempre acreditado nelas, e começar a exercitar a fé nas promessas de Deus através da obediência nele - "[produzindo] fruto que mostre o arrependimento" (Mateus 3:8).

Como eu disse, isso é apenas o começo. Eu não prometo que será fácil à partir daí. Muitas vezes é muito difícil, porque a percepção de nossas falsas crenças não desbota essas crenças. Muitas vezes, falsas crenças arraigadas moldaram nossas percepções e comportamentos instintivos e, portanto, levam tempo significativo e esforço intencional para mudar. Não é chamado de "luta da fé" atoa. (1 Timóteo 6:12).

Mas direi isso: quanto mais convencido você se torna de que Deus é a fonte de todas alegrias superiores para você, mais resolvido você se tornará para lutar por essas alegrias, e mais fácil a luta se tornará ao longo do tempo. Mas a não ser que você se convença, em alguma medida, de que isso é verdade, a poder do hábito de pecar permanecerá em você.

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