O atual chefe dos Institutos Nacionais de Saúde, Francis Collins, aceitou a fé depois de tentar refutar a Deus. Ele é uma das maiores autoridades do mundo em pesquisas sobre DNA, por isso aceitar a fé foi um desafio.
"Sempre presumi que a fé se baseava em argumentos puramente emocionais e irracionais e fiquei surpreso ao descobrir que alguém poderia construir um caso muito forte para a plausibilidade de Deus", observou ele na CNN. "Minha convicção ateísta anterior de que 'Eu sei que Deus não existe' surgiu como a menos defensável."
Por ser geneticista, Collins chefiou o Projeto Genoma Internacional. Essa iniciativa custou cerca de 60 bilhões de dólares em 1993. Os cientistas então completaram o sequenciamento do genoma humano em 2003. Através disso, doenças genéticas passaram a ser entendidas e curadas.
Essa experiência também deu a Collins uma visão espetacular da grandeza, ordem e perfeição do ajuste fino da molécula de DNA, o software de Deus para todos os seres vivos. Além disso, a direção do Projeto Genoma, tinha grande prestígio dentro da ciência na época.
"No nível mais fundamental, é um milagre que haja um universo", disse ele à National Geographic. "É um milagre que possibilita a complexidade e leis que seguem fórmulas matemáticas precisas. Contemplando isso, alguém de mente aberta é quase forçado a concluir que deve haver uma 'obrigação' por trás de tudo isso. Para mim, isso se qualifica como um milagre, uma verdade profunda que está fora da explicação científica."
Ele resumiu seus pensamentos em um livro de 2006, The Language of God (A linguagem de Deus), que mostra que a biologia, a astrofísica e a psicologia argumentam a favor da fé em Deus. Por fim, no ano seguinte, fundou o BioLogos, organização que reúne cientistas que desejam seguir a ciência e a fé em uma unidade coesa.
"Ciência e fé podem ser mutuamente enriquecedoras e complementares, uma vez que seus domínios apropriados sejam compreendidos e respeitados", diz ele. "Existem algumas questões realmente importantes que a ciência não pode realmente responder, como, por que existe algo em vez de nada? Porque estamos aqui?"
"Nesses domínios, descobri que a fé oferece um caminho melhor para as respostas", conclui ele.
De particular importância para sua fé é o conceito de "lei moral" - a denúncia de opressão, assassinato, traição, falsidade e a bondade para com os idosos, os jovens, os fracos e desamparados, segundo ele descobriu com C. S. Lewis.
"Depois de 28 anos como crente, a Lei Moral se destaca para mim como a mais forte indicação de Deus", ele escreve em seu livro.
Collins cresceu em uma família de agnósticos em Shenandoah Valley, na Virgínia. Então, quando se formou na faculdade de medicina, ele se descreveu como um ateu de pleno direito. Contudo, um paciente o questionou sobre sua própria fé. Instigado, ele então decidiu pesquisar e desmascarar a fé.
"Quando entrei na faculdade e fui questionado sobre quais eram minhas crenças, percebi que não tinha ideia de quais eram", disse ele à PBS. "Ouvi outros argumentarem que religião e crenças eram basicamente uma superstição e comecei a pensar - Sim, provavelmente é nisso que também acredito."
Como estudante de pós-graduação em Yale, ele se maravilhou porque praticamente tudo no universo poderia ser descrito por uma espécie de "equação diferencial de segunda ordem".
Depois de se formar em mecânica quântica, ele decidiu mudar de rumo na vida e entrar na medicina. Então como residente, ele observou pessoas sofrendo de doenças terminais sem culpar a Deus. Além disso, a fé parecia dar-lhes força e, em muitos casos, melhorar seus sintomas, disse ele.
"Eles tinham doenças terríveis das quais provavelmente não iriam escapar, mas, em vez de reclamar de Deus, pareciam confiar em sua fé como uma fonte de grande conforto e segurança", disse ele. "Eles não estavam, de alguma forma, percebendo isso como a coisa realmente horrível que me parecia ser. E isso era interessante, enigmático e inquietante."
"Eu tinha tomado a decisão de rejeitar qualquer visão de mundo sobre fé, sem nunca saber realmente o que eu havia rejeitado. E isso me preocupou", disse ele. "Como cientista, você não deve tomar decisões sem os dados. Ficou muito claro que eu não tinha feito nenhuma coleta de dados aqui sobre o que essas religiões representavam."
Então ao ler Cristianismo Puro e Simples de C. S. Lewis, suas ideias sobre a fé em Deus foram abaladas. Porém, não foi uma leitura fácil ou divertida. Foi doloroso, disse ele.
"A ideia de que você chegaria à fé porque fazia sentido, porque era racional, porque era a escolha mais adequada diante dos dados, era um conceito novo", disse.
Ele tinha 27 anos. Então, depois de meses lutando sobre a questão de Deus, ele finalmente desabou. Um dia, caminhando nas montanhas Cascade, admirando a grandeza da criação de Deus, ele disse "sim" a Deus.
"Eu nunca voltei atrás", disse Collins. "Esse foi o momento mais significativo da minha vida."
No entanto, no começo, compartilhar sua fé não foi fácil.
"Como a maioria dos cientistas, tive o medo de que, tendo aceitado algo na forma de uma cosmovisão espiritual, seria percebido como um pouco mole", observou ele. "Que isso não era compatível com a atitude rigorosa de 'mostre-me os dados' que um cientista deve ter em relação a todas as coisas."
Mas agora ele está falando abertamente sobre a sua crença e atraiu o fogo de ateus militantes. Por exemplo, o ateu Sam Harris criticou, sua nomeação como chefe dos Institutos Nacionais da Saúde, dizendo: "Devemos realmente confiar o futuro da pesquisa biomédica nos Estados Unidos a um homem que acredita sinceramente que uma compreensão científica da natureza humana é impossível?"
Collins assumiu o escritório dos Institutos Nacionais da Saúde em 2009. Ele adora andar de moto e tocar rock. Então formou um grupo de cientistas dos Institutos Nacionais da Saúde que duela com um grupo de cientistas da Universidade John Hopkins.
Em 2005, Francis Collins foi nomeado, juntamente com o colega do genoma Craig Venter, os Melhores Líderes pelo US News & World Report e pelo Centro de Liderança Pública da Universidade de Harvard.
"Tive um momento em que me tornei um crente", disse ele a Anderson Cooper. "Eu havia lutado por dois anos com esse debate dentro de mim, chegando gradualmente à conclusão de que a crença em Deus era a mais plausível das escolhas. Depois de muitos meses lutando para dar aquele salto, em um lindo dia de outono em uma caminhada no noroeste, com minha mente um pouco mais clara do que o normal porque não havia as distrações usuais, eu senti que não conseguia mais resistir. Então, eu me tornei um crente naquele dia."